Introdução

O Café Pedagógico é um relatório voltado à discussão de temas diversos do âmbito da Pedagogia. Na presente edição dez autoras se reúnem para colocar em questão pedagogias conhecidas ou não tão-popularizadas, realidades de vivências pedagógicas, relações com práticas pedagógicas, enfim: muitas páginas para atrair a pedagogos e pedagogas com interesses nas mais diversas áreas. Também em sua versão eletrônica, conheça o Café Pedagógico nas páginas a seguir, ou na página da internet: http://www.cafe-pedagogico.blogspot.com.br
O primeiro artigo, O ensino da arte: uma abordagem capaz de desenvolver competências para reflexão filosófica e intervenção crítica, se propõe a apresentar as bases teóricas relacionadas ao ensino das artes, que se regulamentou como atividade obrigatória nas escolas, e a problematizar os desafios encontrados, que transcendem a dimensão estrutural do currículo e a dinâmica das metodologias de ensino.
O segundo, Medicalização escolar: um mercado em espansão?, aborda um dos problemas atuais da educação, a medicalização. Nele são apresentados os principais distúrbios e questionado se esses tais distúrbios realmente estão sendo diagnosticados de forma correta, com o objetivo de analisar e discutir o alto número de crianças e adolescentes que estão tomando remédios como a ritalina.
Uma crítica à abordagem da sexualidade na escola é um artigo que compara a atual forma de se falar de sexualidade nas escolas com o que a autora considera a forma ideal de abordagem. Primeiro explicita o que se deve entender por sexualidade antes de abordar o tema nas escolas, diferenciando-o do sexo propriamente dito. Coloca-se a importância de incluir a diversidade no estudo da sexualidade, abordando identidade de gênero e orientação sexual e rompendo com as interdições do discurso que hoje impossibilitam essa abordagem.
Em A didática e o lúdico se explicita a importância da utilização do lúdico no primeiro ano do ensino fundamental e a necessidade de, para realizar isso, o professor voltar à sua infância. Enfatiza-se a importância de o docente não desanimar em seus propósitos e nunca esquecer seus objetivos primos ao educar. Expõem-se também a parceria entre atividades lúdicas e didáticas e qual a importância de assemelha-las a realidades cotidianas das crianças.
Quando de fato começa a aprendizagem?, por sua vez, coloca como o desenvolvimento cognitivo envolve fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio etc. Um fator importante para a aquisição desses conhecimentos é a própria aprendizagem sem a qual não seria possível o desenvolvimento em tempo real e verdadeiro da criança. Para Jean Piaget o conhecimento é construído através da interação do sujeito com o meio, a partir de estruturas existentes. Segundo sua teoria, a “teoria cognitiva” todo desenvolvimento obedece a estágios hierárquicos que iniciam e decorrem do nascimento à adolescência.
O artigo seguinte, intitulado A pedagogia Waldorf, tem o objetivo de sanar algumas dúvidas cruciais que existem em torno da Pedagogia Waldorf. Pedagogia da qual teve seus preceitos e origens na Antroposofia, ciência espiritual que tem como objeto de estudo o homem e o Universo. Rudolf Steiner, o criador de ambas as teorias, fundou sua primeira escola da qual seguia os preceitos da antroposofia em 1919, em Stattgart, Alemanha. A pedagogia Waldorf, procura em seu processo, formar seres humanos independentes e capazes de guiarem suas próprias vidas, se desenvolverem tanto fisicamente, intelectualmente e espiritualmente.
Depois, em Educação ambiental – Práticas pedagógicas desde o início dos anos escolares, são pontuadas a importância das leis de proteção ambiental vigentes no Brasil, bem como as falhas observadas em seu cumprimento. O artigo propõe um sistema eficaz de educação ambiental a ser implantado nas redes de ensino.
De acordo com a legislação, a escola é responsável pela formação do cidadão. São levantados então, em O sentido da escola no todo e na vida do indivíduo, os questionamentos: qual o tipo de cidadão que a escola pretende formar? Quem são os responsáveis por tal decisão e como se situa o educador diante de um cenário educacional centrado na reprodução do modelo vigente, que sufoca a liberdade e a criatividade no trabalho docente? No artigo, baseado em diferentes autores, são apresentados entendimentos para a existência da escola, como desde os tempos mais antigos se sustenta essa instituição e o discurso ideológico que faz com que isso se realize. Entender os parâmetros educacionais vivenciados pela educação brasileira e refletir sobre eles, chegando a considerações e soluções concretas e possíveis de serem realizadas para uma prática refletida, ou práxis pedagógica, que leve ao conhecimento emancipatório.
O artigo Multiculturalismo na escola: Um respeito as diferenças para a construção do todo objetiva-se em ressaltar a importância do respeito aos valores e as culturas presentes no cotidiano escolar, mostrando-lhes a realidade multicultural existente na educação brasileira e a necessidade de discentes em licenciaturas tenham uma preparação para trabalhar com as diferentes identidades, utilizando-as aos seu favor e ao favor de sua prática pedagógica, explicitando a importância da transmissão do respeito ao diferente, ou pelo menos ao que não é normal ao olhos de uma sociedade limitada e preconceituosa.
E finalmente, mas não menos importante, o Café Pedagógico traz Saúde mental de professores e sua repercussão em sala de aula. A saúde mental dos professores é um tema que vem crescendo na contemporaneidade, já que o trabalho do docente aumentou em intensidade e diminuiu em qualidade. Com a universalização da educação e a consequente diversidade de alunos, as demandas se tornaram mais complexa. Problemas sociais, por exemplo, adentram os portões da escola e professores têm de lidar com situações que não fazem parte de sua função ou que não estão aptos a fazer. Em diversas pesquisas a doença mental aparece no diagnóstico e queixa de profissionais da educação, mais especificamente, do professor, com números expressivos, liderando as listas de doenças em algumas pesquisas. Diante das questões, demandas e queixas dos professores – que as fazem, muitas vezes, de forma silenciosa, nos corredores das escolas – se mostra a necessidade de um acolhimento e cuidado com a saúde mental dos docentes, para que a sala de aula e a relação aluno/professor seja um lugar prazeroso e saudável.

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